sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Roupa suja se lava em casa?

Para quem está em Nova York, a resposta para a pergunta acima fatalmente será não. Por aqui, é difícil as pessoas terem máquina de lavar em casa, por uma razão simples: não há espaço. Os apartamentos são sempre pequenos, e, em geral, não têm área de serviço. Por isso, tirando quem mora em prédios de luxo, ninguém lava a roupa suja em casa.

Mas, é claro, os nova iorquinos se adaptaram a isso. Muitos condomínio têm a laundry (lavanderia) no próprio prédio. Geralmente no subsolo, o espaço comporta uma ou algumas máquinas de lavar e de secar. Se a pessoa estiver com pressa, basta deixar a roupa lá embaixo, lavando, voltar pro apartamento, fazer outras coisas, e depois pegá-las.

Só que muitos lugares não têm a bendita laundry - como o prédio onde moro provisoriamente. Neste caso, só resta ir a uma lavanderia na rua. Surge aí uma cena engraçada. Pessoas andando pra lá e pra cá, com sacos de roupa suja nas costas. Mais ou menos como aquela lenda do homem do saco!

Uma vez na lavanderia, há duas opções. Com algumas moedas, é possível usar as máquinas, e esperar ali mesmo a roupa ficar pronta. Um belo programa para sábado à tarde! Ou então, basta deixar aquele saco cheinho com uma atendente, e passar depois para pegar tudo limpinho. Neste caso, paga-se por peso.

Qualquer que seja a escolha, sempre é desagradável exibir a roupa suja em público. Aquela camisa com marcas de gordura, a roupa de baixo recém-usada, a meia que passou o dia inteiro percorrendo a cidade… Não é algo que alguém queira mostrar para desconhecidos!

Ontem, deixei meu saco na lavanderia aqui perto. Tenho de pegá-lo a qualquer momento. Já me vejo roxo, com o olhar pra baixo, com vergonha de encarar a atendente, como se ela soubesse meus segredos mais íntimos! Que saudade de lavar a roupa suja em casa...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Gentileza a bordo

Dez horas de voo pela frente, apertado entre vários assentos. Era assim que estava vendo a minha vinda para Nova York. Para quem tem 1,94m de altura, viajar de avião se torna um pesadelo do ponto de vista do conforto.

Como o dinheiro é curto, sempre viajo de classe econômica. Mas, para me sentir um pouco melhor, peço para sentar na saída de emergêcia -- onde o espaço para as pernas é maior. Já sei até de cor as instruções para a abertura da porta, em mais de um idioma. O que não sei é qual seria a minha reação se precisasse fazê-lo... e nem pretendo descobrir!

Mas, voltando ao voo para Nova York, eis que tentei ficar na saída de emergência. E eis que vi que a companhia aérea criou uma categoria chamada "economy comfort", um assento na classe econômica só que um pouco mais confortável. Onde? Bem na saída de emergência.

Aí entra o detalhe: o tal assento confortável custa mais do que o normal. E, como já disse, o dinheiro é curto. Resultado: melhor ir espremido mesmo.

Subi no avião, sentei no fundão, e a comissária americana me perguntou se eu estava viajando sozinho. Hummm... interessante.... Mas não, ela não queria me fazer companhia, apenas perguntou se eu podia trocar de lugar com uma passageira que viajava com um cachoro - um destes micros, sedado numa espécie de gaiola. A garota ao lado dela tinha medo do cãozinho. Bem, como eu já estava espremido naquele assento mesmo, pior não podia ficar, logo, mudei, e fui mais pro fundão ainda.

Cinco minutos pra levantar voo, a comissária americana reapareceu perguntando se eu queria mudar de assento de novo. Hummmmm... interessante... Mas, não , não era pra ficar ao lado dela. Aceitei, peguei minhas coisas e lá fui de novo mudar de assento. Só que desta vez, lá estava ele à minha espera: o tal do assento econômico conforto. TInham uns 7 disponíveis no voo.

"Você foi muito gentil em trocar de lugar com aquela mulher, merece sentar aqui", disse a comissária. Fiquei surpreso e feliz. Afinal, para mim foi algo totalmente normal trocar de lugar, mas pelo jeito eles não estão acostumados a isso. Tanto que, mais tarde, um comissário passou ao meu lado e perguntou se eu era o "passageiro gentil". Minhas pernas é que agradecem tal gentileza!