domingo, 30 de outubro de 2011

A saga do apartamento - 2


No ultimo texto, prometi que agora falaria da montagem dos móveis. Mas, me pediram para contar primeiro sobre como encontrei apartamento aqui em Nova York. Então, atendendo a pedidos, eis a história.

Por mais que tenha pesquisado ainda em SP, só estando em NYC foi possível entender como funciona o mercado imobiliário daqui. Apartamentos como o que aparece em filmes e seriados, por exemplo, até existem. O que não existe é dinheiro na minha conta bancária para bancá-los! Os preços do aluguel são absurdos, ainda mais na ilha de Manhattan. Um dos metros quadrados mais caros do mundo!

Aqui, entendi por que nos anúncios que via ainda em SP era usada a expressão "pre-war". Os prédios, na maioria, são bem antigos. Foram construídos antes da 1a Guerra Mundial. E muitos parecem verdadeiros sobreviventes de guerra: mal-conservados, quase a ponto de demolição… só o preço não ficou parado no tempo!

Ainda sobre os anúncios, são inúmeros os itens a serem observados. Além do pre-war, há a laundry (lavanderia no próprio prédio, em geral no subsolo); walk-up or elevator building (escada ou elevador); broker fee (taxa do corretor), face norte ou sul… enfim, complicado.

Agora, soma-se a isto o fato de ser um estrangeiro com emprego no Brasil! Sem fiador, sem conta no banco, sem histórico de crédito, sem documento dos EUA. Aí sim fica praticamente impossível. Ouvia um não atrás do outro. Alguns lugares nem me davam a chance de ver o apartamento, eu já era descartado de cara!

Como consegui arranjar um lugar pra morar, então? Bem, como disse uma amiga minha assim que eu comecei a procurar apartamento aqui, tudo é questão de pensamento positivo! Era um domingo, final de tarde. Um corretor me ligou pra ver um imóvel. Já havia deixado recado pra tantos que nem lembrava mais qual era! Cheguei ao local, vi o studio em menos de dois minutos (aqui não temos tempo para ficar admirando o apartamento), e disse: é esse que eu quero. Meio que paixão à primeira vista.

Expliquei ao corretor que era estrangeiro, que não tinha comprovante de nada. Propus pagar um depósito mais alto (um valor que fica numa conta bancária e é devolvido no final do contrato, só como garantia caso ocorra algo). No dia seguinte, a notícia: havia sido aceito pelo dono do apartamento! Foi quase como passar num vestibular…

Aí, duas semanas depois me mudei com um colchão inflável, comprei os móveis… e no próximo texto prometo contar como foi a montagem.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O mega trabalho de mobiliar o apartamento - parte 1

"Se prepare, porque dá um mega trabalho." Foi deste jeito que uma amiga minha me animou a ir numa loja no Brooklyn comprar os móveis pro meu apartamento. Depois de uma semana tendo como única mobília um colchão inflável, já era hora de me mexer!

A loja é gigante, tem tudo quanto é coisa para casa. Ao entrar, você ganha um bloco de anotações e um lápis. Aí começa o tal trabalho… É preciso ir ao andar superior, no showroom, escolher os móveis. Cada um tem um código que deve ser anotado naquele bloco. Mas alguns têm mais de um código. Exemplo: a mesa tem um para a parte de cima e outro para os pés…

Meio complicado, mas segui em frente. Depois de três horas e meia rodando, mandando sms pra minha prima arquiteta (que fez o projeto do meu apê) e telefonando pra minha irmã (pra me ajudar nas decisões), escolhi o que levar. Aí sim a coisa complicou!

Fui para o andar de baixo, onde se deve pegar os móveis. Sim, é preciso literalmente pegá-los! Nas prateleiras, como se fossem compras de supermercado!!! Por mais que você mande entregar tudo em casa, é seu dever passar com a parafernália pelo caixa. Ou seja, não havia escapatória...

A 1a tarefa foi colocar a cama queen size naquele carrinho small size. Três caixas - pesadas -,um pedaço de metal que só fui entender pra que servia dois dias depois, e, óbvio, o colchão. Uma pilha de coisas quase caindo do carrinho, bloqueando toda a minha visão! Deixei tudo perto do caixa e continuei as compras.

Com o outro carrinho, segui o restante dos códigos que havia anotado - tem um para a fileira, outro para a prateleira e um terceiro para o produto, afinal, impossível identificar aquele lindo sofá dividido em três caixas. Mais pilhas de parafernálias, mais equilíbrio para não derrubar tudo, fui para o caixa.

Depois de pagar, ainda tive de empurrar os dois carrinhos para o setor de entrega. Sorte que contei com a simpatia dos americanos para ajudar a empurrá-los - sem ironia, eles são bem prestativos. Combinado o horário de entrega, perguntei quanto sairia para eles montarem tudo. Caro, beeeem caro! E eis que o próprio homem que monta me disse: "Mas isso é fácil, você mesmo monta e economiza esta grana". Acatei a sugestão! E o mega trabalho estava só começando… No próximo texto eu continuo!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A saga do apartamento

A rua estava meio deserta. O prédio era muito mal conservado. Havia meia dúzia de gente na porta. E eu me juntei ao bando.

Tinha visto o anúncio do apartamento no Craigslist. Era no finalzinho do Upper West Side, já perto do Harlem. Preço atrativo, marquei um horário com o corretor. Lá na porta, liguei novamente para ele, que me disse estar a caminho.

Enquanto eu observava o prédio, um senhor veio perguntar se eu havia esquecido a chave da porta. Expliquei que não, que esperava o corretor. Aí ele perguntou novamente - desta vez em espanhol - se eu havia esquecido a chave da porta. E eu respondi de novo - em inglês - que esperava o corretor para ver o apartamento. Mais uma vez, ele insistiu em conversar em espanhol, e eu, teimoso, respondi em inglês. O resultado: ele abriu aporta do prédio para eu entrar.

Se eu já estava meio desconfiado da segurança do lugar, agora não tinha mais dúvidas. Como aquela pessoa, que provavelmente era o zelador, permitia a entrada de qualquer um? Bem, me desliguei do bando e liguei pro corretor, dizendo que já estava lá dentro. "Estou a caminho", respondeu, mais uma vez.

Dez minutos, a porta do prédio se abriu, entrou um homem de terno sem a gravata, camisa pra fora da calça e boné. Era o corretor! Atrás dele veio o bando de gente -- a esta altura, deviam ser uns dez. Todos juntos na escada, ele falou rapidamente que iríamos ver o apartamento de dois dormitórios. Subimos até o quinto andar, ele abriu a porta e fizemos o "tour" de 20 segundos pelo local! Não deu tempo de abrir armários, ver banheiro, nada. Fila indiana, mudos, do jeito que entramos, saímos de lá.

Novamente na porta do prédio, o corretor disse que iria nos levar para ver outro apartamento ali perto. A fila indiana prosseguiu, com uma pessoa a menos. Peguei o caminho oposto e fui embora. Pois é, procurar um lugar pra morar aqui em Nova York realmente é uma aventura! Em breve, outras histórias...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Está perdido? Lembre-se da galinha azul!


Quem viveu nos anos 80 no Brasil provavelmente se lembra da "Dança da Galinha Azul", de uma famosa marca de temperos. E muito provavelmente deve ter rebolado ao som de tal hit, presença certa nos palcos do programa do Gugu e companhia. O que poucos devem saber é o quanto esta música contagiante pode ser útil para quem se muda pra Nova York.

Deixe-me explicar. Em Manhattan, tudo se localiza conforme os pontos cardeais. A 5a avenida divide a ilha entre leste (E) e oeste (W). De cima a baixo, a divisão é entre Upper (norte), Midtown (meio) e Downtown (sul).

Ao sair do metrô, por exemplo, temos placas para a saída NW (noroeste), ou NE (nordeste). E pegar o caminho certo ajuda a ganhar preciosos minutos. Se você descer na 86, na Lexington avenue, e quiser ir para o Central Park, é preciso saber que o parque fica a oeste da estação.

Além disso, a numeração das ruas também ganha a letra E ou W, para indicar de que lado da cidade está. Para ir ao endereço 200 W 73th Street, é preciso se dirigir para o lado oeste da ilha. Quem pegar o caminho errado estará a um Central Park de distância do destino!

Parece complicado? Aí que entra a tal dança da galinha azul. Nada melhor do que imaginar um pássaro gigante em cima do mapa de Manhattan te indicando a direção a seguir. Não que eu queira imaginá-lo, mas, confesso… ao pensar nos pontos cardeais, esta é a primeira coisa que me vem à cabeça. Só espero que, em breve, eu consiga me localizar sem precisar deste "auxílio"!