quinta-feira, 24 de maio de 2012

Oi, tudo bem?

A pergunta é simples… e me chamou a atenção quando me mudei para Nova York. Em qualquer local que se vá, você é recepcionado com um "Hi, how are you?". Simpático, achei. Não estava acostumado a isso. Estas palavras, quando ditas no momento certo, podem mudar seu dia.

Digo momento certo porque às vezes elas aparecem nas piores ocasiões. Tanto no velório quanto na missa de sétimo dia do meu pai, conhecidos vieram falar comigo e logo soltaram esta pergunta. Talvez por ligarem o "botão automático". Alguns se tocaram que, óbvio, não, eu não estava bem. Outros nem perceberam a gafe.

Agora, a resposta… bem, isto é um caso à parte. No dia-a-dia, a pergunta é feita mais por educação, e a resposta esperada é um "Vou bem, e você?". Mas sempre há aquela pessoa que pensa que o outro realmente está interessado em saber os mínimos detalhes dos acontecimentos da sua vida, e solta um: "Nossa, estou mal", paa depois começar a despejar os problemas. Veja bem, há momentos e momentos para isso.

Aqui nos Estados Unidos, muitos costumam responder com um "Não tão mal." O que, a princípio, me soou estranho. Uma amiga que morou na Austrália disse que lá ouvia a mesma resposta, e achava meio depressivo. Mas, analisando um pouco, tratam-se de palavras  honestas. Afinal, dificilmente alguém está 100% bem. E ao dizer "Não tão mal", você afirma que tem, sim, problemas, mas que estes poderiam ser piores. E ponto.

Seria esta a resposta perfeita? Ainda não. A resposta perfeita para a pergunta do título está em uma música da banda Garotos Podres, que recebi por e-mail esta semana. Compartilho o vídeo com vocês. A ideia é genial…

http://www.youtube.com/watch?v=nnhbRJxJrJY


terça-feira, 15 de maio de 2012

Além do samba e do futebol


A sala de aula no Bronx estava agitada. Crianças de sete e oito anos, com o violino na mão, afinavam o instrumento para um último ensaio antes do concerto. Mas, quando eu entrei, todos pararam para me olhar. Talvez pela minha altura - que sempre causa nas pessoas uma espécie de espanto. Ou - o que é mais provável - pela câmera e pelo microfone que eu carregava. Só que os olhares se tornaram mais curiosos depois que a professora disse que eu era do Brasil.

Antes de vir morar nos Estados Unidos, pensava que os americanos tinham aquela imagem padrão do meu país - samba e futebol. Tudo bem que eles preferem o futebol deles, jogado com as mãos, e não curtem muito o samba. Mas, era essa a ideia que eu tinha - e que aos poucos foi sendo derrubada.

Estive em Boston para cobrir as primárias do partido Republicano, em março. Lá, conheci um americano que sabia mais do Brasil do que muito brasileiro. O senhor, de uns 70 anos, lembrava o nome de nossa presidente, e sabia que era a primeira mulher a assumir o cargo por lá. Também já havia estado no país algumas vezes, e não apenas para conhecer o Rio de Janeiro, um dos destinos preferidos dos gringos. Foi a Brasília, Amazonas, São Paulo, Minas Gerais… Admirável!

Mas, a experiência de agora, com as crianças, foi mais surpreendente. Lá estava eu, no meio de quinze alunos, quando a professora disse que era brasileiro. "O Brasil fica na América do Sul", disparou um. Abri um sorriso. "É no Rio de Janeiro que tem a estátua do Cristo Redentor", afirmou outro, fazendo meus dentes aparecerem um pouco mais. "Vocês falam português", emendou um terceiro. E eis que uma menina concluiu: "A capital é Brasília".

Nada de dizerem que falamos espanhol e que nossa capital é  Buenos Aires. Nada de mencionar o samba ou o futebol. Eles realmente sabiam de onde eu era. Eles realmente haviam estudado na escola sobre o meu país. Pude ver que aquela imagem-padrão que os americanos tinham de nós mudou. E o melhor - pude mudar de vez a imagem-padrão que eu tinha deles.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Minha prima e o Marcelinho


A mensagem via facebook foi curta: "Procura no youtube o link 'Marcelinho lendo contos eróticos'". O silêncio que veio depois foi longo. Nove dias! No meio tempo, eu já estava arrependido de ter mandado a sugestão para a minha prima.

Para quem não conhece, o vídeo acima citado não tem nada de pornográfico (ou pouca coisa), trata-se de comédia, não recomendada para menores de 18 anos, por motivos óbvios. E eu quis compartilhá-lo com minha prima arquiteta que mora em São Paulo.

Sempre recomendamos links um para o outro. Vira e mexe, mando via whatsapp alguma foto de um prédio diferente daqui de Nova York, para ela admirar, com o seguinte recado na sequência: "Espero sua visita".  E ela prontamente me responde, e também me envia sugestões de lugares para visitar e matérias para fazer.

Mesmo de longe, ela fez a decoração do meu apartamento. Mandei as medidas por e-mail, e as mão ágeis da arquiteta logo traçaram quais seriam os melhores lugares para colocar cada móvel - o que foi feito em seguida.

Mas agora, com o tal do "Marcelinho", a demora me incomodava. Será que havia extrapolado? Que deveria ter ficado restrito aos arranha-céus da metrópole? O que ela estaria pensando de mim? Teria mudado de categoria - de "primo nova-iorquino" para "primo-depravado"?

A resposta veio com a seguinte pergunta - por que eu havia me lembrado dela com o tal video - seguida de risadas. Ufa! Não que eu tivesse me lembrado dela por causa do conteúdo dos vídeos, mas pelas gargalhadas que dei ao assistí-lo. Me lembrou dos tempos em que ríamos juntos durante as férias, quando ela compunha paródias de músicas da Xuxa. Ou das risadas que demos no ano passado, ao assistir "A árvore da vida". Sim, nós tivemos a capacidade de rir durante os longos minutos do filme de Brad Pitt.

Mesmo aliviado, sei que por enquanto mudei de categoria. Não serei mais o "Marcelo, o primo nova-iorquino". Serei simplesmente "Marcelinho".