quinta-feira, 13 de junho de 2013

Qual o seu plano para daqui a um ano?

Na entrevista para renovar o visto, o oficial de imigração faz uma última pergunta: "Qual  seu plano para daqui a um ano?" Eu penso um instante, e respondo: "Meu plano para daqui a um ano? Ah, eu quero me casar, quem sabe já estar com um filho a caminho. Não precisa ser parecido comigo não, melhor até ser igual à mãe dele, que eu vou amar os dois incondicionalmente." 

Dou um suspiro, e continuo, mostrando minha mão direita: "Mas me diga uma coisa, você está vendo uma aliança neste dedo? Não, né? Então... Ontem foi dia dos namorados, e eu passei a data sozinho. Sozinho!!!!" 

Já com uma certa irritação, falo: "Hoje é dia de Santo Antônio, e onde eu estou? Na fila de uma igreja pra pegar o pão sagrado, casamenteiro? Não, estou aqui na fila deste consulado frio." 

Revoltado, despejo na cara dele: "E por acaso é uma americana loira, peituda e gostosa que me atende? Até parece... Quem está do outro lado deste vidro à prova de balas é um branquelo magrela, que ainda por cima vem me perguntar quais meu planos para daqui a um ano. Quer saber qual o único plano que tenho? É um plano de saúde, com cobertura em todo o Brasil. E onde eu moro? Nos Estados Unidos! Estados Unidos!!!! Está tudo errado. Tudo errado!" O oficial, constrangido, me dá um papel para a retirada do passaporte, sussura um "boa viagem" e grita: "Próximo!"

PS: Antes que alguém fique em dúvida, a pergunta realmente ocorreu, mas a resposta é fictícia...

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Com que roupa eu vou - episódio de hoje: a praia

Long Beach, em Nova York
Praia cheia, sol forte e aquela vontade de mandar o bronzeado-escritório para longe. Tirei a camiseta, guardei a bermuda e rapidamente passei  a ser alvo de olhares. Muitos deles! Não era por causa do meu físico - que já combinou comigo que só  irá ficar em forma  para o verão 2014, e olhe lá! A culpada era a sunga.

A cena acima aconteceu no ano passado. E confesso que demorei algum tempo para acreditar que uma peça de roupa de banho pudesse ter causado tanto alvoroço. Só tive a confirmação quando duas amigas que moram há alguns anos em Nova York disseram que americano não usa sunga.

Agora, com a chegada do calor, pude confirmar: não há sunga nas lojas. Há muitos shorts, bermudões, uns calções que parecem ter saído dos catálogos de moda dos anos 50, mas nada de sunga. Tanto é que tive de pedir para minha irmã mandar uma para mim, do Brasil, de aniversário.

E neste final de semana, lá fui eu à praia estrear a minha roupa de banho nova, mesmo após minhas amigas dizerem que fatalmente os americanos iriam pensar que eu sou gay - de acordo com as duas, apenas eles usam sunga.

Cheguei à praia, tirei a bermuda, e a cena se repetiu: fui alvo de diversos olhares. Pois é, nada de encararem o homem de calça jeans e camiseta estirado na areia, o outro de bermuda de sarja, cinto e camisa de manga longa ou a mulher de maiô com bolinhas e um baita coração estampado no meio da barriga. O alvo eram os brasileiros de sunga.

Não tenho problemas com o que os outros deixam ou não de pensar sobre mim. Mas, por via das dúvidas, sempre estava acompanhado de uma das amigas pela areia... A exceção foi quando meu amigo pediu para eu tirar fotos dele para mandar à futura namorada no Brasil. Praticamente um book, uma versão masculina da garota do Fantástico!

Imagine a cena: ele, de sunga, na beira do mar, fazendo um coração com as mãos, enquanto eu, também de sunga, cuidava dos cliques com a máquina. Me agachava, dobrava as pernas, mexia os braços, na tentativa de  pegar o melhor ângulo. E ele lá, com as mais diversas caras e bocas. Bem, nessa hora, ignorei qualquer olhar... e também nem quis saber o que se passou na cabeça dos americanos.