sexta-feira, 10 de maio de 2013

Aquela piscadinha

A brincadeira é simples. Primeiro, é feito um sorteio, com papéis, para ver quem vai ser o detetive, o assasino e as vítimas. Aí, sentados em círculo, o objetivo do assassino é matar as vítimas sem ser descoberto. A "arma" dele: piscar o olho.

Sempre brincava disso quando criança, e sempre ficava tenso na hora do sorteio. Não queria ser o assassino, de jeito nenhum! Não por motivos nobres ou humanitários, mas por outro - não consigo piscar com um olho só.

Parece ridículo, mas é a mais pura verdade. E, depois de anos, o assunto voltou à tona na última semana, em um bar, aqui em Nova York. Contava para uma amiga sobre a cirurgia de miopia que fiz, em apenas um olho. Ou seja, ainda sou míope no lado esquerdo. Aí, ela, que também é míope, disse que se fosse operar uma vista só, teria de ser a direita, já que só consegue piscar do outro lado. Foi quando confessei que não pisco de lado algum!

Uma outra amiga, aniversariante do dia, que ouvia a história, se juntou à conversa, e as duas questionaram como eu fazia para paquerar, já que meus músculos ao redor dos olhos, obviamente, não funcionam como deveriam. Silêncio constrangedor... Minha humilhação ficou ainda maior quando um amigo - que, segundo as duas, "transpira testosterona" - se aproximou e demonstrou a facilidade que tem em piscar um olho de cada vez, quantas vezes quisesse.

E não parou por aí! Para acabar totalmente com a minha auto-estima, a amiga míope soltou a seguinte pérola: "Ele não deve piscar por causa de tanto botox que tem no rosto, esse povo da TV usa botox em tudo, paralisa os músculos."

Não, antes que você me pergunte, eu não uso nem nunca usei botox. E, a partir de hoje, não irei dizer que não sei piscar. Falarei apenas que não o faço por motivos nobres e humanitários - e explicarei a brincadeira do detetive. Afinal, se a piscadinha pode ser usada como uma arma letal em um jogo infantil, melhor não estimulá-la!

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