sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Perdidos na cidade

A pequena tartaruga, no seu antigo "lar"
As perninhas pequenas nem se procupavam em acelerar o passo. O que elas estavam fazendo era tão improvável que ninguém se atreveria a procurá-las tão cedo. E assim, aquela minúscula tartaruga fugia, tranquilamente, do Inwood Hill Park, quase invisível em plena ilha de Manhattan.

Não sei bem se foi desta maneira que aconteceu, mas é como imagino que este ser indefeso tenha escapado de seu aquário. A noticia foi destaque nos principais noticiários locais. Mobilizou diversos funcionários, todos à caça da pobre fugitiva.

Na cidade onde as pessoas mal olham para o lado, prestar atenção no que esta abaixo de nós é ainda mais complicado. Pés e pernas se multiplicam em meio às ruas numeradas, em uma equação quase infinita. O vai-e-vem incansável sufoca, enlouquece… mas também vicia. Estranhamente, vicia.

Bastaram três meses para eu sentir esta química. Meu corpo hoje procura o ritmo acelerado de Nova York. Quer pulsar tal qual o sangue que percorre os pés e as pernas de quem anda por aqui. Não se cansa, só se alimenta desta rotina. Perde-se na metrópole, e não quer ser encontrado.

O mesmo deve ter ocorrido com a pequena tartaruga. Uma vez em liberdade, fatalmente se espantou, se admirou e logo se apaixonou por Nova York. Na sua velocidade, de cerca de cem metros por hora, conseguiu vencer os obstáculos, e ganhar a cidade. É a Little Turtle na Big Apple.

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