Quem conhece o romance Tieta, de Jorge Amado, certamente se lembra do
mistério envolvendo a caixa que a personagem Perpétua guardava no
armário - e que atiçava a curiosidade dos moradores de Santana do
Agreste.
Pois bem, semana passada foi a vez de Nova
York ganhar um mistério parecido. Uma outra caixa, maior que a da
ficção, mexeu com a imaginação das mais variadas pessoas. Qual o segredo
escondido lá? O sexo do bebê Araújo.
Deixe-me
explicar a história. Um casal de amigos está esperando o 2o filho.
Quando grávidos do 1o, aguardaram o parto para descobrir que era um
menino. Durante a gravidez, a cada ultrassom os dois ganhavam um
torcicolo de tanto virar o pescoço na hora em que o sexo estaria
evidente no monitor.
Desta vez, não aguentaram
esperar. E decidiram compartilhar a informação numa "festa de revelação
do sexo". Alguém mais desavisado - como chegou a ocorrer - poderia
imaginar que se tratava de uma reunião, digamos, contra a moral e os
bons costumes. Uma festa de nudismo, quem sabe. Ou até mesmo a
oportunidade de um enrustido sair do armário e se revelar ao mundo.
Mas
a festa - novidade para mim e para muitos ali presentes - era o momento
em que todos, inclusive os pais, ficariam sabendo qual o sexo do bebê. Para isso, um balão, azul ou rosa, sairia de uma enorme caixa no momento em
que ela fosse aberta pelo outro filho do casal.
O
exame de ultrassom foi entregue na 4a-feira para uma amiga. E claro
que não faltaram curiosos querendo arrancar dela o resultado -
inclusive eu! Mandei diretas e indiretas por email, facebook e whatsapp.
Pessoalmente, fiquei durante três horas, num jantar, procurando
arrancar um ato falho. E a única coisa que descobri é que não sou um bom
jornalista investigativo...
No sábado, na casa
dos anfitriões, os convidados estavam divididos: uns usavam roupa
rosa, outros, azul. Mas também havia quem preferisse o laranja ou o
verde com bolinhas brancas, talvez por causa de um daltonismo ou por
achar que o bebê apareceria na foto com a perna cruzada.
No
momento tão esperado, a enorme caixa foi aberta. Dela, saíram balões
brancos, amarelos e o revelador azul. Tal como aquela cobrança decisiva
de pênalti, houve muita comemoração, e também alguns rostos mais
frustrados.
Pelo menos o conteúdo desta caixa
não escandalizou os convidados, tal como ocorreria se fosse aberta a de
Perpétua. Se você ainda não se lembrou do que havia lá, melhor fazer uma
busca na internet - afinal, este blog ainda respeita os bons
costumes...
Nenhum comentário:
Postar um comentário