quarta-feira, 5 de março de 2014

Os elefantes no fusca, ou o armário dentro do carro

Ja contei aqui como mobiliei meu 1o apartamento em NY, e a minha experiência do faça-você-mesmo. Como todos temos um quê de masoquista, no final do ano passado, quando precisei me mudar, lá estava eu de volta à mega-loja do Brooklyn, desta vez à procura de um armário.

Havia escolhido o modelo pelo site, então, fiquei pouco tempo na loja. E como estava com um amigo, colocar as partes do guarda-roupa desmontado no carrinho, para passar pelo caixa, foi tarefa fácil. A "diversão" mesmo começou quando fomos voltar para casa...

Uma amiga se ofereceu para ajudar no transporte, e deixou o Corolla dela à disposição. Sabe aquela piada dos cinco elefantes dentro do fusca? Então, foi mais ou menos isso que aconteceu na sequência...

Estávamos em quatro para entrar no carro. Meus dois amigos, eu e o armário - sendo que este último conseguia ser maior do que eu, com 2,05 metros de altura e 137,7 quilos! Caixas entravam e saíam do porta-malas, nas mais diversas posições, tal qual um kama sutra para road trips.

Com muito jeitinho, e após várias tentativas e erros - que superaram tremendamente os acertos -  o nosso ilustre passageiro conseguiu ocupar todo o bagageiro e o banco de trás, que a esta altura já estava completamente deitado.

À dona do carro sobrou um pequeno espaço embaixo de uma das caixas. Graças a sua boa flexibilidade, conquistada com muitos pliés feitos na infância, o encaixe foi tranquilo. Meu amigo foi no banco do passageiro, e eu, dirigindo, tão espremido que minhas pernas quase tocavam o queixo, enquanto a testa tentava escapar pelo teto solar.

Os dezessete quilômetros seguintes, que separam o Brooklyn do East Harlem, foram divertidos - pelo menos para mim. Já os meus amigos, não entendo, ficaram meio tensos... Gritavam quando eu passava de 50km/h, fazia uma curva um pouco mais fechada ou tentava atender o telefone, ou melhor, tentava encontrar o aparelho, já que o aperto era tamanho que nem dava pra saber em que bolso ele estava tocando. E o armário… bem, este não tinha do que reclamar, era o melhor acomodado entre todos nós.

Agora, o momento mais belo da noite foi quando lindos flocos branquinhos começaram a cair magicamente do céu, tocando lentamente o asfalto, deixando o vidro do carro todo encoberto, enquanto eu comentava, encantado, que nunca havia dirigido na neve. Acho que era o que faltava para os dois aprenderem a pensar duas vezes antes de aceitar fazer um favor!

Para encerrar: o armário chegou inteiro, está bem acomodado no quarto, mas não quer mais saber de passear tão cedo por Nova York... Já minha amiga, dona do carro, parece que não ficou traumatizada. Tanto que, algumas semana depois, me ajudou a transportar uma TV de 42 polegadas e mais de 50 quilos! História que fica para um próximo texto...

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